domingo, 11 de outubro de 2009

Hospital de Braga recusa medicação aos doentes de Esclerose Múltipla

Chegaram à TEM várias reclamações de pessoas que se deslocaram à farmácia hospitalar Escala (antigo Hospital de São Marcos), como era habitual, para levantarem a sua medicação e foram confrontados com o facto de que a sua medicação não lhe podia ser entregue, ou que só poderia levar apenas parte da medicação correspondente a uma ou duas semanas (antes era de um mês).

Durante os primeiros sete dias deste mês, tivemos conhecimento de 18 doentes, apenas numa semana, que passaram por esta situação. Destes 18, 3 não levaram qualquer tipo de medicação, apesar de 2 destes 3 terem de fazer medicação em ambiente de ambulatório (hospital de dia) e o terceiro foi para casa sem qualquer medicação.

No primeiro contacto para esclarecimento dos factos, dia 7, a Administração do Hospital de Braga negou-os, nomeadamente ao deputado António José Seguro no próprio dia 7. Posteriormente, informou-nos que deveria ter sido uma má interpretação por parte da Direcção da farmácia hospitalar. Não sabemos qual foi a instrução mal interpretada. Ao que sabemos, as alterações ao documento, ou o novo documento, acerca das instruções de como a medicação deve ser dada aos doentes crónicos, não costa as assinaturas do Presidente da Comissão de Farmácia, nem da Directora Clínica do Hospital.

Todos os doentes de Esclerose Múltipla (EM) que deveriam fazer a medicação em ambulatório não o fizeram, pelo menos até sexta-feira, dia 9, porque a farmácia hospitalar não forneceu a medicação, apesar desta ter sido solicitada pelo serviço de neurologia à farmácia hospitalar.

Sabemos que os doentes de outras patologias crónicas, que fazem medicação em ambulatório, nomeadamente os oncológicos e os de urologia também tiveram ou têm o mesmo problema.

O Dr. Hugo Meireles, presidente da administração, afirmou no dia 9, “Não pode haver qualidade no acto médico se não houver vigilância clínica” e por isso “para evitar situações em que a prescrição é efectuada por longos períodos, sem qualquer vigilância clínica do médico assistente, esta passa a ser feita de 4 em 4 meses, com ou sem a presença do doente”.

Pelo menos nos doentes de EM, a argumentação da Administração do Hospital de Braga é um falso problema pois, no nosso caso, tínhamos no mínimo consultas 2 vezes por ano (seis em seis meses). Se passarmos a ter 3 consultas por ano (quatro em quatro meses) que podem ser administrativas, isto é, sem a presença do doente, não vemos qualquer vantagem para o doente. Para efeitos estatísticos serão contabilizadas a cada doente 3 consultas por ano. Será que os doentes podem exigir ter efectivamente estas consultas? O Estado paga ao hospital cada consulta.

Pensamos que o problema da entrega da medicação por parte do Hospital de Braga aos doentes de EM (pelo menos são os casos que conhecemos) está resolvido. Pelo menos, este mês o problema está resolvido.

Aqui vai uma pequena explicação:

Para todos os doentes crónicos que fazem medicação em ambulatório no Hospital de Braga (doenças metabólicas -só pediatria), esclerose múltipla, hemofílicos, HIV, insuficientes renais crónicos, oncológicos (alguns) e reumatológicos), a sua terapêutica é cara e prolongada.

Para obter esta terapêutica, o médico assistente tem de enviar um pedido da medicação à Comissão de Farmácia. Esta analisa caso a caso.

Um hospital tem que ter diferenciação técnica e meios para tratar os seus doentes.

Cada hospital faz um contrato com a ARS para uma determinada área de influência. As áreas de influência variam conforme as especialidades. Um exemplo: no Hospital de Braga, não existe neurocirurgia de urgência às sextas, sábados e domingos passando este serviço para o Hospital de S. João no Porto. Outro exemplo, bastante conhecido, as grávidas de Barcelos vêem ter os seus filhos ao Hospital de Braga, mas o Hospital de Barcelos funciona. Quando chega um doente pode ter que ser tratado numa especialidade no Hospital de Braga e enviado a outro hospital para ser tratado a outra especialidade no hospital da sua residência e ter que voltar novamente a Braga para ser tratado a uma terceira especialidade.

Atenção, o Hospital de que falo foi rebaptizado para Escala, depois de 501anos arrastar consigo o nome de São Marcos. Desconheço o conflito com o Santo a Quem lhe foi retirado o nome que usava há 5 séculos.

1 comentário:

Sara disse...

Eu acho que esta é uma doença muito feio que todos nós devemos apoiar para que você possa encontrar a cura de uma vez por todas e espero que em associações unimed bh pode ser um ótimo tratamento para fazer o seu melhor para pará-lo.